segunda-feira, 5 de junho de 2023

Viagem ao Equador - Parte IV - Baños

 

Em plena adrenalina, no balanço da Casa del Árbor, em Baños
(foto de Wagner Cosse)

Fotos de Thelmo Lins        

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        Esta é a quarta postagem sobre a minha viagem ao Equador, entre 24 de abril e 10 de maio de 2023. Quem está acompanhando, já viu que estive na capital Quito e nos arredores da cidade, visitando lugares como Otavalo, Mitad del Mundo e o lago Quilotoa, dentre outros. Nesta nova etapa, falarei sobre Baños, considerada a porta da Amazônia e um dos lugares mais procurados pelos apreciadores do ecoturismo.

            Baños fica a 187 km de Quito, trafegando boa parte da distância pela famosa rodovia Panamericana. Esta que é uma das maiores rodovias do mundo, cruzando boa parte da região andina, desde o Panamá até o sul do Chile. Como posteriormente iríamos (eu e meu companheiro de viagem, Wagner Cosse) a Cuenca, resolvemos alugar um carro. Tiramos o automóvel em uma locadora situada nas proximidades do aeroporto, pois facilitaria a logística no retorno. Falarei sobre isso em outra postagem.

            Mesmo com alguns perrengues que passamos, alugar um carro foi uma ótima pedida. A viagem é absorvida com mais intensidade, pois podemos parar em todos os lugares que julgamos dignos de uma fotografia ou uma simples contemplação. No trecho entre Quito e Ambato, a rodovia é também conhecida como a Rota dos Vulcões, pois nela podem ser vistas várias dessas fabulosas montanhas. Como já havia comentado em postagem anterior, a neblina ameaçou, mas não nos impediu de ver, por exemplo, o Chimborazo, o mais alto vulcão do Equador, com seus 6.310 m de altura e outros que não consegui identificar à distância. Mesmo sendo mineiro, nascido em região montanhosa, senti o impacto diante daquelas elevações de mais de 4.000 m. Muitas delas coroadas por neves eternas. Contrastando com essa imagem, vales verdejantes, recortados por plantações.

            A todo momento Wagner suspirava e dizia que era o lugar mais bonito que ele já tinha visto. Em determinados momentos, o visual era tão magnífico, que as lágrimas vinham.

            Em Baños nos hospedamos numa pousada simples, mas aconchegante. Apesar de sua decoração de gosto duvidoso, tínhamos um belo visual da sacada do prédio, onde era servido o café da manhã.

Banhos termais

            Como chegamos no fim de tarde, recebemos a sugestão de aproveitar os banhos públicos, que deram o nome a esta cidade de cerca de 15 mil habitantes. São águas termais que saem da região, em especial do vulcão Tungurahua, de 5.029 m. Para nosso espanto, este vulcão ainda está em atividade (como, aliás, a maioria dos vulcões equatorianos) e há uma equipe que fica monitorando a montanha de fogo. De acordo com a Wikipedia, “uma das características mais assustadoras do vulcão é que a potência das suas explosões é capaz de gerar tremores de terra intensos na região.” Sua última erupção aconteceu em 2021. Houve casos em que toda a população teve que sair da cidade para não ser afetada pela lava ardente. Há várias rotas de fuga, que me lembraram Itabirito, minha terra natal. Só, que neste caso, o problema são as barragens das mineradoras. Ou seja, o perigo mora ao lado e está nas cabeças de todos os moradores.

            Por causa das águas termais é que surgiu Baños de Água Santa. Suas águas têm fama de serem milagrosas e curarem doenças. Estivemos em um balneário público que funciona até às 21h, com uma estrutura mediana, conhecida popularmente como as Termas “De La Virgem”. Era a única disponível naquele dia. Há várias piscinas, com temperaturas diversas, geralmente bem relaxantes. Numa delas, não consegui ficar nem cinco minutos, devido à sua quentura. Se não me engano, acima de 40ºC. Para nosso deslumbre, ao lado desce uma cachoeira, que ganhou uma iluminação noturna. No entanto, a cidade oferece outros balneários com melhores serviços, mas não tivemos a chance de conhecer.

Rota das Cachoeiras

            Na manhã seguinte, queríamos visitar alguns dos principais atrativos da cidade. Mesmo estando com um automóvel alugado, preferimos contratar um guia especializado na região, que tinha seu próprio veículo, uma vez que teríamos pouco tempo para conhecer o local e não queríamos correr o risco de nos perdermos. Para nossa tristeza, o dia amanheceu chuvoso, mas, como acontecia com frequência no Equador, o clima logo foi mudando, embora o sol só aparecesse em raros momentos.

            A rota das cachoeiras ou das cascatas é uma das principais atrações de Baños. São locais maravilhosos mais para ver do que para se banhar, uma vez que o tempo não estava muito bom e quase todas ficavam em cânions muito profundos, de difícil acesso. Os viajantes que têm mais tempo ou disposição, costumam pegar trilhas tanto de bicicleta como em veículos 4x4 ou até mesmo a pé para alcançarem esses lugares. Como já havia acontecido na estrada, foi um suspiro atrás do outro.

            Há muitas formas para incrementar o passeio, por meio de esportes mais ou menos radicais como escalada, rafting, tirolesa, canoagem ou bungee jumping. Fizemos um circuito numa espécie de bondinho, que atravessava um cânion até uma grande queda d´água. Para aumentar a adrenalina, ele parava no meio do caminho e ficava ao sabor dos ventos, que balançava toda a estrutura. Confesso que achei o passeio seguro e muito interessante. O visual, inesquecível!

            A joia da coroa é a Cascata El Pailón, que fica em um parque bem estruturado, que cobra uma entrada. Há duas formas de chegar a este espetáculo da natureza, pelo alto ou pela parte de baixo, sendo que, por cima, o caminho é mais curto e dura por volta de 20 a 30 minutos. A outra opção chega a uma hora e meia ou duas. A chuva insistente decidiu por nós e fizemos a trilha mais curta. Mesmo com o clima contrário, a visão da cascata é incrível. É difícil descrever a emoção mediante tamanha beleza e grandiosidade. Espero que as fotos mostrem, pelo menos, um pouco do que sentimos.

Imagem milagrosa

            Na área central de Baños há muitas pousadas, cafés, lojinhas e praças. Eu achei até pão de queijo! Do estilo equatoriano, mas com o mesmo formato do nosso. A cidade é muito bem cuidada, embora a área urbana não seja tão bonita quanto os atrativos que a circundam. O monumento mais antigo é o Santuário de Nossa Senhora do Rosário, cuja construção foi iniciada em 1904 e só foi concluída 40 anos mais tarde. A igreja tem o estilo neogótico.

A imagem da santa foi encontrada perto da cachoeira por um frade dominicano que a apelidou de a Virgem de Água Santa. A aparição foi considera milagrosa pelos fiéis. Na igreja há vários Ex-votos em forma de pinturas que demonstram os milagres creditados à santa. São os maiores e mais belos quadros que já vi deste tipo de manifestação. Todo dia 07 de outubro é comemorado o dia da padroeira.

Pachamama e Casa del Árbor

Para concluir nosso tour por Baños, conhecemos dois belos mirantes. Um deles se chama La Mano de la Pachamama, situado a 7 km do centro. Parece um parque, com ótima estrutura, muito bem preservado, e ambientes coloridos repletos de pinturas e plantas. As mãos propriamente ditas são os mirantes, cujas bases são feitas de vidro, permitindo, desta forma, um visual mais completo do entorno. Há também um café, uma loja de artesanato e uma área para esportes mais radicais.

O outro mirante é a famosa Casa del Árbor (Casa da Árvore), onde está a mais conhecida gangorra (ou balanço)  do Equador. Estivemos no local no final da tarde, quando pudemos apreciar o pôr-do-sol e na manhã seguinte, antes de partirmos para Cuenca. O lugar parece um jardim, muito bem cuidado, e bastante agradável. É claro que fomos testar o tal balanço que, realmente, é uma experiência ímpar. Mas tenho que admitir que dá um certo medo...

A breve estadia em Baños fez valer cada minuto que passamos nessa cidade impressionante. Obviamente não fizemos nem um décimo das atividades oferecidas, principalmente pela falta de tempo ou oportunidade. O município é conhecido como a Porta da Amazônia, portanto há muitas atividades na floresta, visitas a tribos indígenas, dentre outros passeios. O importante, no entanto, é vivenciar tudo da melhor maneira possível, desde que o vulcão não desabe na nossa cabeça (rsrsrsrs).

É importante ressaltar que ali é produzida um doce de goiaba muito famoso e há várias lojas para adquirir este e outros produtos da gastronomia local.

Partimos agora para a nova etapa da viagem, rumo a Cuenca. Aguardem as novas aventuras na próxima postagem.

Hasta luego!

           Pela estrada afora...


No trevo para Baños

O vulcão Chimborazo, o mais alto do Equador

Vales verdejantes e montanhas enormes


Almoço na estrada

Com o carro alugado

Café da manhã na pousada em Baños


Santuário de Nossa Senhora do Rosário 







Ex-votos gigantes contando os milagres da santa




Rota das Cachoeiras



Com Wagner, na paisagem de Baños

Grupos turísticos na rota

Modelo de transporte dos turistas

Cachoeira que cai em plena estrada


Wagner não resiste nem à água fria...

Ponte sobre cânion


Travessia do bondinho


Cachoeira do bondinho




Com o guia de Baños



A magnífica Cascata El Pailón



La Mano de la Pachamama








Área do café



Brincando com os espelhos


Visual do mirante




La Casa del Árbor


Pôr-do-sol no mirante




Cantinho romântico


Wagner e o balanço do abismo






Local é florido e bem cuidado

Guloseimas e brindes











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