terça-feira, 25 de março de 2025

Turnê Atacama/Uyuni Parte III: Lagunas, termas e gêiseres da Bolívia

 

No mirante da laguna Blanca, na Bolívia
(foto de Wagner Cosse)

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    Nesta nova etapa da viagem, cruzamos a fronteira do Chile para a Bolívia, que fica a 47 km de São Pedro de Atacama. Ainda de madrugada, antes do sol aparecer, um automóvel veio nos pegar no hostal. Temos que estar prontos, com toda a bagagem necessária. 

    Apesar dos poucos quilômetros que separam os dois destinos, existe uma burocracia medonha que se arrasta por volta de quatro horas na passagem de um país para o outro, por causa da fiscalização. Nesse ínterim, tomamos café (no frio, diga-se de passagem) e esperamos, esperamos, esperamos. O guia nos ajudou nos trâmites.

Já na Bolívia, adentramos a Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa, onde estão concentrados vários pontos de visitação. Pagamos as taxas pertinentes à entrada na reserva e, para minha surpresa, fiquei encantado com a beleza das notas de bolivianos, moeda local. Havíamos conhecido esse dinheiro em São Pedro, onde fizemos o câmbio (nos lugares em que fomos, na Bolívia, não costumam aceitar cartões. É preciso andar com dinheiro em cash), mas eram notas velhas. As novas são encantadoras, principalmente as de 50 bolivianos, adornadas com flamingos.

O parque é um deslumbre. Achei a paisagem da Bolívia ainda mais bela do que a encontrada no Deserto do Atacama. Visitamos os mirantes das lagunas Blanca, Verde, Colorada e Capina, o deserto de Salvador Dali, as Termas de Polques e alguns gêiseres nesta primeira etapa. Todo o percurso – a maioria em estradas muito mal conservadas – é feito em carros especiais, com tração nas quatro rodas.

O confronto do azul do céu com os picos nevados e seus respectivos reflexos nas águas límpidas foram uma paisagem quase inacreditável. Naquela imensidão, ficamos pequenos, humildes, perante a força da natureza em seu esplendor. Uma profusão de luzes e cores. Até esquecemos as agruras e o cansaço provenientes da longa espera na fronteira. 

Quilômetros adiante, chegamos às Águas Termais de Polques, que apresentam piscinas de águas aquecidas a aproximadamente 30 graus. Embora fosse aparentemente convidativo, eu não me animei a entrar nas águas, porque do lado de fora o frio era intenso e o vento estava cortante. Wagner, o corajoso, mergulhou naqueles poços e conheceu seus poderes relaxantes e revigorantes. Na hora de sair é que a coisa ficou difícil. 

Mais adiante, visitamos o deserto de Salvador Dali. O nome é de fantasia, devido às formações rochosas que lembram as obras do pintor espanhol/catalão, que foi um dos expoentes do surrealismo. Confesso que não vi nada disso, mas a parada serviu para fazermos algumas fotos “divertidas” com o nosso grupo, formado por 12 pessoas em dois veículos diferentes. A brincadeira rendeu boas risadas e ótimas lembranças. 

A próxima parada foram os gêiseres. Tanto eles quanto as águas termais são provenientes dos vulcões ativos na região. Embora a visão seja interessantíssima, eles exalam um forte cheiro de enxofre. Além disso, estão a 4.850 metros de altitude. A paisagem parece um cenário do seriado Jornada nas Estrelas.

Encerrando as atividades do dia, visitamos a laguna Colorada. E haja frio e vento! A ventania era tão forte que parecia nos arrastar. Além da coloração avermelhada, muito característica, havia no local alguns bandos de flamingos. Estes, sim, em maior número. Trata-se de um lago salgado, que ocupa uma área de 60 km2. O tom escarlate da água é causado por sedimentos e algas muito apreciados por esses elegantes pássaros. Na medida em que eles vão ingerindo os alimentos, a penugem se torna rosada. 

No meio da laguna, há alguns pontos esbranquiçados, que são ilhas de bórax branco. Este mineral, também conhecido como borato de sódio, tetraborato de sódio ou tetraborato dissódico, é muito utilizado na fabricação de produtos de limpeza e higiene, devido às suas propriedades antissépticas, antifúngicas e antibacterianas. Devido a esse elemento, a água da laguna torna-se salgada.

Depois de uma rápida passagem pela laguna Capina, nos hospedamos em Villamar, uma pequena vila no meio da reserva. A hospedagem é muito simples e, na minha opinião, muito inadequada para este tipo de viagem, pois geralmente as pessoas chegam exaustas do passeio, devido às condições da estrada, do clima e da altitude. A maior parte dos quartos é coletivo, assim como os chuveiros e banheiros. Levantar de madrugada para usar o vaso sanitário tornava-se um suplício. 

    O jantar servido ficou muito aquém das nossas necessidades básicas, o que gerou algum protesto. Mas, infelizmente, não havia nenhuma outra opção. Embora já soubéssemos disso, o fato de pagar pela toalha de banho, pela utilização do wi-fi, entre outros itens, gerou um desconforto. Nessa noite, a temperatura caiu para três graus Célsius.

É claro que simplesmente “desmaiamos” depois de jantar e só acordamos no dia seguinte para a segunda etapa da viagem à reserva. Novas e (ainda mais) belas surpresas nos aguardavam!


FOTOS

Mapa da região

Na entrada da reserva

A bela nota de 50 bolivianos

Foto Wagner Cosse

Com Wagner, na fronteira Chile/Bolívia

Entre a Bolívia e o Chile

Laguna Blanca





Wagner



Laguna Verde





Deserto Salvador Dali e região








Gêiseres






Estrada




Termas de Polques



Wagner, o corajoso



Laguna Colorada e os flamingos


















sábado, 22 de março de 2025

Turnê Atacama/Uyuni Parte II: Lagunas Altiplanas

 

Em frente à laguna Miscanti (foto de Wagner Cosse)

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    A segunda parte da nossa viagem ao Deserto do Atacama (viajamos em um grupo de cinco pessoas, organizado pela agência Minas Ecoturismo, de Belo Horizonte), envolveu as Lagunas Altiplanas. 

    O passeio começa bem cedo e o café da manhã é servido em uma parada próxima ao Trópico de Capricórnio. Aliás, nesta latitude descemos para tirar fotos tanto na placa alusiva nas margens da estrada. Era uma rodovia extensa e muito plana, com pouquíssimo movimento de automóveis, o que permitia poses diversas no meio do asfalto.

    Apesar de ser um deserto, o degelo das montanhas forma vários lagos, como as lagunas Miscanti, Miñeques e Chaxa. A paisagem é, realmente, sensacional, com inúmeros tons de azul, laranja, amarelo, verde e outras cores, de forma cristalina e vibrante. Todas ficam a altitudes em torno de 4.000 metros acima do nível do mar e são circundadas por montanhas (e vulcões) com neves eternas.

    A região fica perto de minas de sal e salitre, a maioria já esgotada ou extinta, que outrora foram a fonte de renda de milhares de famílias. Cidades-fantasma como Humberstone, tombada pela Unesco como patrimônio da Humanidade. Tem um filme, disponível na Prime Vídeo, chamado “A contadora de filmes”, que é inspirado em histórias da região.

    Ali perto também está situado o Salar do Atacama, que não conhecemos, pois o nosso passeio já incluía o de Uyuni, na Bolívia, que é considerado o maior do mundo. Quem tiver disponibilidade de ficar mais tempo na região, vale a pena colocar esta atração no passeio.

    Para ter acesso às lagunas acima citadas, temos que caminhar um pouco. Coisa de, talvez, uns cinco quilômetros no total, realizados de maneira bastante tranquila, em trilhas planas e bem sinalizadas, com a presença constante de um guia. Por causa da altitude, às vezes ela pode se tornar cansativa. Mas eu confesso que não senti nada, além de alguma leve dor de cabeça, que já faz parte do “enredo”.


Intransigência


    O próximo destino são as Piedras Rojas. Mas houve um pequeno incidente que quase atrapalhou a minha viagem. Ao iniciar a trilha, notei que havia me esquecido da câmera fotográfica na van. Era coisa de um minuto para abrir o carro e pegar o objeto, que muito me faz falta, pois eu gosto de fazer uma boa cobertura fotográfica, principalmente para inserir neste blog fotos de qualidade. No entanto, o motorista se recusou a abrir o veículo, mesmo com os apelos feitos por mim e por Wagner. Ele alegou que não poderíamos voltar e que teríamos que seguir junto com o grupo. 

    Um guia chileno, que acompanhava um grupo próximo ao nosso, tomou as nossas dores e também insistiu com o guia, mas ele foi irredutível. Por pouco não desisti de continuar o trajeto para a região das Piedras Rojas, tamanha a minha indignação. Só fiz porque Wagner insistiu muito, dizendo que aquele problema não poderia atrapalhar o meu passeio. Fui engasgado com aquela situação.

    Acabou que as fotos daquela região foram feitas pelo celular e em outra máquina com menos recursos. Ao voltarmos para São Pedro de Atacama, Wagner quis fazer a queixa sobre o ocorrido e a intransigência do motorista junto às agências que organizaram o passeio. Uma delas tinha proprietários brasileiros. Talvez não dê em nada, porque essas coisas acabam sendo esquecidas. Mas eu fiz questão de fazer este registro e desabafar nessa postagem.

    Depois disso, almoçamos na mesma parada do café da manhã. Um almoço horrível, diga-se de passagem, pois foi servido frio. O local não tinha paredes para fazer anteparo ao vento insistente que vinha das montanhas, piorando a situação. Assim, a experiência não foi agradável.

    Para finalizar, visitamos a laguna Chaxa, de onde podem ser avistados alguns (poucos) flamingos andinos. Segundo o guia, nessa época do ano, o bando costuma rumar para outras regiões, deixando apenas poucas e resistentes aves no local. Apesar do sol escaldante, a beleza da paisagem compensou o esforço.

    Retornamos a São Pedro no princípio da noite, tempo suficiente para jantar e, depois, descansar, pois no dia seguinte iniciaríamos o tour para a Bolívia. Teríamos que estar prontos às 4 da madrugada. Ufa!


Fotos


Mapa da região
(fonte: National Geográfic)

Laguna Miscanti






Wagner



Laguna Miñeques









Laguna Chaxa






Entre os dois pássaros, uma espécie de lagarto típico do
local e protegido pelos órgãos ambientalistas


Tipos de flamingos encontrados nos Andes

Piedras Rojas



Trilha






Trópico de Capricórnio




Com Guto, Márcia e Wagner

Com Wagner, em Piedras Rojas,
trocando a minha indignação por um sorriso
(foto de Guto)

Turnê Atacama/Uyuni Parte IV: Salar de Uyuni

  No bosque das bandeiras, atração do Salar de Uyuni Veja as fotos no final do texto Clique nas fotos para ampliá-las      Chegamos à última...