quarta-feira, 18 de junho de 2014

O Zócalo e a herança de Teotihuacán no México

Thelmo Lins em Teotihuacán, cidade sagrada dos aztecas


No terceiro dia de nossa viagem ao México, conhecemos o grupo com o qual compartilharíamos as próximas aventuras e a guia Silvia. Formamos um grupo multinacional, com brasileiros, espanhóis, colombianos e italianos, num total de 14 pessoas. Do Brasil, havia seis pessoas, contando comigo e com o Wagner.
Assim, partimos para o centro histórico da cidade do México e sua praça principal, popularmente conhecida como Zócalo. Ali estão a gigantesca e imponente catedral, o palácio do governo, alguns prédios públicos e hotéis, que formam um conjunto arquitetônico coeso e suntuoso. Conhecemos a catedral, com sua monumentalidade, e me chamou a atenção principalmente os belíssimos órgãos barrocos, a imagem do Cristo Negro e a fachada, toda em arabescos. Uma curiosidade é que, devido a cidade ter sido construída em terreno pantanoso, onde havia ate um lago no passado, e ser erigida numa região de grandes abalos sísmicos, pesadas construções como a catedral correm o risco de afundar. Logo na entrada do templo religioso, pode-se observar que o piso já esteve a dois metros abaixo da atual estrutura, retificada durante os anos, para facilitar o acesso aos visitantes e fieis.
Houve, ainda, o sempre relembrado terremoto de 1985, que destruiu parte da cidade, levando consigo muitas construções antigas. Numa tentativa de reconstrução, arqueólogos se depararam com muitos templos aztecas que estavam encobertos por edificações coloniais espanholas. Algumas dessas ruínas podem ser visitadas e uma delas está localizada na parte de trás da catedral.
A visita prosseguiu para uma das alas do Palácio Nacional, escritório oficial do presidente da republica. A razão está no impressionante mural de Diego Rivera, obra prima da arte mexicana. A pintura conta a história do país, com mais de mil personagens marcantes, como o padre Hidalgo, Benito Juarez e Porfírio Dias. O pintor se retratou no painel como um frade católico seduzido por uma prostituta. Sua mulher, Frida Khalo, também esta lá, na sessão que narra as lutas populares por um regime socialista.
Outras obras, criadas pelos discípulos de Rivera, adornam as varandas do palácio, sem o mesmo impacto do primeiro mural, mas de grande beleza plástica.

Apos a visita ao Zócalo, rumamos para o sítio arqueológico de Teotihuacán, a 47 quilômetros da capital. O centro religioso dos aztecas é um dos mais importantes monumentos do mundo antigo. Ali estão as imponentes pirâmides do sol e da lua, além de palácios e centros cerimoniais. Apesar de ter sido habitada principalmente por nobres e sacerdotes, agregou uma população de mais de 125 mil habitantes no sexto século depois de Cristo – na época, uma das maiores cidades do planeta. As construções que sobreviveram aos nossos dias atestam a riqueza e a capacidade empreendedora desse povo pré-colombiano.
O dia 14 de junho também marcou o aniversário de Wagner. E, para sua surpresa, preparamos um bolo, com direito a velinhas e um grupo de mariachis cantando uma canção alusiva à data. Meu companheiro de viagem não resistiu e deixou que a emoção tomasse conta e as lagrimas caíram à vontade.

Por falar em emoção, a visita ao santuário da Virgem de Guadalupe, foi outro ponto marcante da viagem. Ver tão acesa e cheia de energia a fé do povo mexicano nessa imagem que apareceu a um índio nos idos do século 16, nos faz repensar na vida e, simplesmente, acreditar em milagres.

Voltando à cidade, aproveitamos a noite de sábado, com direito à lua cheia, para jantarmos no agradabilíssimo Café de Tacuba, um antigo convento que se transformou em restaurante no final do século 19 e até hoje brinda seus frequentadores com uma comida saborosa e boa música.

Seguimos em frente. Arriba!


Cidade do México - Zócalo











Teotihuacán





Wagner comemora aniversário com coro de mariachis

Virgem de Guadalupe


Imagem da virgem estampada no tecido

Missa celebrada na igreja de Guadalupe

Igreja nova de Guadalupe

Fachada da igreja nova

Igreja construída no século 19

Primeira capela, construída no século 16

Representação da Virgem de Guadalupe

Jornal mexicano estampa vitória brasileira na estreia do Mundial
Wagner e Thelmo no charmoso Café de Tacuba

Café de Tacuba


segunda-feira, 16 de junho de 2014

Descobrindo os tesouros dos povos mexicanos

No Museu Nacional de Antropologia do México, tendo ao fundo a Pedra do Sol, dos aztecas


O segundo dia na cidade do México começou com a vibração da torcida mexicana que, num jogo difícil, venceu a seleção camaronesa por 1 a 0. Diferentemente do Brasil, o país não interrompe seus serviços e fecha o comércio para ver os jogos da Copa do Mundo, nem mesmo quando seu escrete está em campo. Para nossa felicidade, os museus e outros equipamentos turísticos estavam em pleno funcionamento.
A primeira atividade foi uma caminhada pelo belo Paseo de la Reforma, uma extensa avenida decorada por árvores, jardins e esculturas, com aproximadamente 3,5 quilômetros. Quando foi criada, nos idos da década de 1910, era circundada por imensos casarões de estilos variados, como o neoclássico e o art deco. Com o tempo e o crescimento populacional, eles foram derrubados, assim como na Avenida Paulista (São Paulo), e substituídos por edifícios gigantescos, alguns com arquitetura bastante arrojada. A monumental estátua do Anjo da Independência, que retrata uma mulher alada, em marcante tom dourado, foi instalada em ponto de destaque no Paseo. Ela é o símbolo da capital mexicana. Nos domingos esse local é fechado para os caminhantes e ciclistas, numa ação municipal para valorizar o centro da cidade e atrair os moradores e seus familiares.
Mas no dia de Santo Antônio, o nosso objetivo era chegar ao Museu Nacional de Antropologia, com o importantíssimo legado dos povos que habitaram o país no passado, como os aztecas e os maias, entre tantos outros. E difícil descrever o impacto que os milhares de objetos provocam nos visitantes. São obras de arte, instrumentos musicais, máscaras, estátuas, ídolos, joias e até templos inteiro, entre originais e reproduções, que impressionam pela beleza e sofisticação. Eles exibem, de maneira contundente, o legado das civilizações passadas nessa parte do mundo. Um dos pontos altos é a Pedra do Sol, criada pelos aztecas. O local ainda abriga um bom restaurante e uma loja de suvenires com preços razoáveis.
O museu está localizado no Bosque Chapultepec, onde também ficam outros espaços culturais, como o Museu de História e Museu de Arte Contemporânea. Além disso, há um grande lago e outros atrativos. Um deles, que chamou a minha atenção, foi a presença de um fotógrafo lambe-lambe, que disponibiliza dois cavalos de madeira e trajes locais, como o sombreiro, para nos sentirmos mexicanos tradicionais. Wagner, meu companheiro de viagem, e eu não resistimos a pousar para uma foto, vestidos de Pacho Villa e Emiliano Zapata, para podermos posteriormente rir da brincadeira.

O mico

Depois desse entrevero lúdico e cultural, partimos para o que consideramos o mico da viagem. Para introduzir o assunto, é importante ressaltar que sempre gostei de experimentar a vida de uma cidade do jeito como vivem seus moradores. Na capital do México, por sua grandiosidade e por sua população de 23 milhões de habitantes, o metrô é o meio de transporte mais eficiente. Cinco milhões de pessoas o utilizam diariamente. As 12 linhas cruzam todo o perímetro urbano, com uma série de ônibus auxiliares, trólebus, trens ligeiros, que são metrôs de superfície, e o modelo tipo BRT, que os mexicanos denominam de metrobus. O sistema cobre 195 estações e 177 km de linhas. Uma lição para cidades como São Paulo e, mesmo, Belo Horizonte que, apesar de bem menor, investe pouco na melhoria do transporte público.
Mas, voltando ao mico, a proposta era fazer o passeio de barco em Xochimilco (ou seria XochiMico?), onde existem 140 quilômetros de canais e charmosas embarcações coloridas, bem típicas do México. Depois de enfrentarmos quase duas horas entre metrô e o trem ligeiro (que só tem rapidez no nome, pois ele para em 17 estações!), chegamos a uma cidadezinha que lembra mais um bairro pobre da periferia das grandes cidades. Um lugarejo feio e sem muitos atrativos. Mas ali se cultivam as flores e verduras que abastecem o país. Tirando duas ou três coisas agradáveis, como a igreja e a praça principal, tudo é de uma feiura impressionante, agravada por uma iluminação pública de péssima qualidade, que deixa as ruas muito escuras (ficamos lá entre 19 e 22h). O passeio pelos canais, apesar de relaxante, foi tedioso. As margens são desinteressantes e sujas. Ou seja, não consegui ver ali nenhuma razão para fazer parte dos guias turísticos – e com destaque! Para piorar, não havia nem um lugar decente para comer. Uma pena, depois de tanto esforço.

Retomamos frustrados para o hotel, esperando vitórias nas próximas partidas.   

Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse.


Paseo de la Reforma


Edifícios do Paseo de la Reforma







Wagner Cosse no Paseo de la Reforma

Antigos casarões são substituídos por prédios modernos


Obelisco do Anjo da Independência

Anjo da Independência

Antigo casarão do Paseo

Estátua de Diana, a Caçadora

Paseo de la Reforma

Vestidos a caráter!
Museu Nacional de Antropologia do México
Prédio

Homem das cavernas: reprodução do sepultamento

























Passeio de barco em Xochimilco






Viagem ao Peru - Parte VIII - Machu Picchu

  Conhecendo o esplêndido sítio arqueológico de Machu Picchu (Foto de Wagner Cosse editada por Thelmo Lins) Clique nas fotos para ampliá-las...