Em frente ao Duomo de Florença (foto de Wagner Cosse) |
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Estávamos
em agosto de 2019, quando ainda era possível viajar, perambular por aí, conhecendo,
investigando e desfrutando de lugares maravilhosos e atraentes. Um ano depois,
quando escrevo este texto, estamos há mais de quatro meses de confinamento,
isolamento social, devido à pandemia do coronavírus. O turismo praticamente foi
extinto nesse período. As empresas ligadas a viagens, como companhias aéreas e
ferroviárias, estão à míngua, muitas falindo ou demitindo grande número de
empregados. O aspecto é de desolação e até de certa falta de esperança.
E
foi justamente neste momento que me vem à lembrança minha visita à Florença,
naquele agosto, quando conheci esta icônica cidade italiana. É estranho
imaginar, nas nossas atuais condições, aquele grande número de pessoas
circulando pelas praças e ruelas do centro histórico, principalmente porque era
verão, a estação com maior fluxo de turistas.
Viajávamos
em quatro pessoas (Conceição, Vinicius, Wagner e eu) e chegamos à cidade na
manhã do 19º dia da turnê que empreendemos (vejam os textos neste blog, nomeados
como Europa de 1 a 11). Ficamos em um hotel simples, próximo da área histórica,
que tinha, como curiosidade, um terraço, de onde se tinha uma bela vista da
cidade.
Tínhamos um dia para conhecer Florença. Uma pena, mas foi o possível dentro de nosso
roteiro. Então, nos organizamos para extrair o melhor desse tempo. Wagner e
eu optamos por fazer caminhadas a pé, apesar do forte calor. Conceição e
Vinícius conheceram um guia brasileiro que trabalha na cidade e que possuía um
carrinho parecido com aqueles transportes de pistas de golfe. Nele, eles
percorreram as principais atrações com menos cansaço.
Mas,
enquanto estávamos juntos, fomos direto à Piazza (praça) del Duomo, onde está
situada a catedral dedicada a Santa Maria del Fiore. Impossível entrar, se não
houver comprado o ingresso com antecedência. A fila é quilométrica. No entanto,
somente a fachada já vale a visita. É lindíssima, em estilo neogótico. Defronte
ao templo, está o também belo Batistério (a porta é um deslumbre). A visita
interna vale a pena, pois lá estão obras de arte de grandes pintores italianos,
como Giotto, por exemplo. Se você tiver a oportunidade de ficar na cidade por
mais tempo, e comprar o ingresso pela internet, não perca esta atração.
De
quase todos os lugares de Florença é possível observar os contornos
arredondados dessa imponente igreja, com sua enorme cúpula. Notei que é
possível também subir ao seu topo, pois havia visitantes lá. O Campanário é a torre
do Duomo, com o mesmo estilo arquitetônico do restante do templo.
Depois
disso, é claro, fomos à Piazza della Signoria (1332), onde estão localizados o
Palazzo Vecchio e a réplica em tamanho original do David, de Michelangelo (a
original está em um museu da cidade). Bem em frente ao palácio, está a Loggia
dei Lanzi (1382) e suas esplêndidas estátuas de mármore e bronze. As mais
famosas são “O Rapto das Sabinas”, de Giambologna (1583), e o “Perseu”, de
Cellini (1554). O palácio está aberto à visitação, sendo uma parte gratuita e
outra mediante a compra de ingressos. Na parte gratuita, há um café, onde
fizemos nossa refeição. Na parte paga, é possível visitar as dependências da
construção, como o famoso Salone dei Cinquecento (1495). Sugiro assistir ao
filme “Inferno”, disponível nas plataformas virtuais, em que o personagem de
Tom Hanks visita este e outros lugares de Florença, com imagens de tirar o
fôlego.
Dando
continuidade ao passeio, resolvi caminhar sozinho, enquanto Wagner conhecia o
Palazzo Vecchio (ele ganhou um ingresso). Passei defronte ao museu Uffizi, uma
das mais importantes galerias de arte do mundo. Nele estão obras de grandes artistas
italianos, como Leonardo da Vinci, Rafael e, principalmente, Botticelli. Para visitá-lo,
paga-se uma taxa e enfrenta-se uma longa fila. Fiquei na dúvida se entrava ou
não, pois passaria ali umas boas três horas, fora o tempo de espera. Resolvi
abdicar desse programa em prol de conhecer um pouco mais a cidade.
Em
viagens como essa que fizemos pela Europa, a gente acaba caminhando muito e, no
meu caso, ficando muito tempo em museus. É um dos meus programas favoritos,
embora seja também extremamente cansativo. Ainda mais para mim, que gosto de
fotografar, às vezes a visita a um museu chega a ser extenuante, pois ficamos
muito tempo parados de pé em frente às obras. Enfim, caminhar mais pelas ruas
foi uma boa decisão, deixando que meus passos me levassem a esmo, sem
preocupação de tempo e horário.
Um
pouco mais adiante, chega-se ao rio Arno, o principal da região, com a famosa
Ponte Vecchio (1345). Ocupada originalmente por açougueiros, curtidores de
couro e ferreiros, o local provocava um grande mal cheiro na cidade, barulho e
até a poluição do rio. Em 1593, eles foram expulsos dali e a ponte foi ocupada
por lojas. Atualmente, é um dos pontos de venda de requintadas joalherias.
O
dia caminhava para seu final e eu reencontrei o Wagner. Havíamos combinado de
assistir ao pôr do sol na Praça Michelangelo, de onde pode se ter uma
maravilhosa vista da cidade. Lá é o ponto de encontro de centenas de pessoas,
que estão interessadas no espetáculo da natureza. É indescritível. Espero que
as fotos mostrem um pouco da cena que vimos, completamente embasbacados.
Extenuados,
mas felizes, fomos descansar, pois na manhã do dia seguinte seguiríamos para
Roma, a capital da Itália, e o último destino de nossa turnê. Como eu já
adiantei em outra postagem sobre as nossas viagens de trem, acabamos
transformando o nosso cansaço em motivo de riso, tirando fotos bastante
teatrais na estação ferroviária.
Até
a próxima!
Vista parcial do centro histórico, com as torres do Palazzo Vecchio, o Campanário e o Duomo (dir) |
A privilegiada vista do terraço de nosso hotel |
Piazza del Duomo
Meus companheiros de viagem: Wagner, Conceição e Vinicius |
Detalhe da porta do Batistério |
Batistério |
Piazza della Signoria
Fachada do Palazzo Vecchio |
David, de Michelangelo (réplica) |
Perseu, de Cellini |
Fonte da piazza |
O Rapto das Sabinas |
Ei Thelmo. Parabéns. Está ótimo. Redação excelente e lindas fotos. Voce tem muita sensibilidade para fotografar. Obrigado por compartilhar.
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