segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Boa Esperança e Guapé, à beira de Furnas




Serra da Boa Esperança, esperança que encerra

No coração do Brasil um punhado de terra

No coração de quem vai, no coração de quem vem

Serra da Boa Esperança, meu último bem

Parto levando saudades, saudades deixando

Murchas caídas na serra lá perto de Deus

Ó minha serra, eis a hora do adeus, vou me embora

Deixo a luz do olhar no teu luar, adeus

 

            Pois a serra, que inspirou o compositor Lamartine Babo (1904-1963) a criar a bela canção em 1937, transformou-se em um parque estadual em 2007, com área de proteção de 5 882,40 ha. Ele está situado no sul de Minas Gerais, às margens do lago de Furnas, entre os municípios de Boa Esperança e Ilicínea.

            Estive lá em outubro de 2022, ao lado de meu companheiro de viagem, Wagner Cosse, para conhecer um pouco das belezas do parque e da região. Ficamos hospedados em Boa Esperança, cidade banhada pela represa. As águas são um bálsamo para a cidade, terra de famosos, com o pianista internacional Nelson Freire (1944-2021) e o escritor, teólogo e educador Rubem Alves (1933-2014).  Mas Boa Esperança ainda mantém vestígios de seu passado, registrados em alguns casarões, igrejas e praças.

É extremamente agradável caminhar pela região que circunda a matriz, cuja padroeira é Nossa Senhora das Dores. O templo original é de 1859, mas nota-se que sofreu muitas reformas desde então, descaracterizando-o um pouco. Os vitrais que adornam a igreja são belos, assim como os altares principais. Em torno da praça da matriz, estão alguns belos imóveis, que atestam vários períodos arquitetônicos.

Outro local de lazer e caminhada é a orla. O calçadão que a envolve é extenso e, em sua maior parte, coberto por árvores que abrigam os passantes do sol forte dessa época do ano. Há muitos caminhantes por ali, que utilizam o local para a prática esportiva. Na região há também alguns mirantes, que facilitam a contemplação.

O lago permite várias modalidades de lazer, como passeios de lancha, jet ski, caiaque, pesca esportiva, dentre outros, além de duas pequenas praias, onde a população e os visitantes podem nadar e se refrescar.

Na orla está o centro de informações turísticas, próximo ao hotel Racini, onde nos hospedamos. O guia Vinicius, que administra o local, elaborou uma série de circuitos para atender os diversos apelos dos visitantes. Como queríamos conhecer o parque, optamos pelo roteiro da cachoeira de Santa Luzia, que incluía uma visita ao mirante do Branquinho, com direito a almoço no restaurante das Três Irmãs e café da tarde na cooperativa Xícara da Silva. Este é um dos lugares mais charmosos de Boa Esperança. Lá somos apresentados aos tipos de café produzidos no município, com direito a uma aulinha de como degustar melhor um dos líquidos preferidos dos brasileiros.

Por falar em café, Vinicius também oferece um circuito pelas fazendas de café, mostrando as diversas fases desde o plantio até a torrefação do grão. Outro passeio, dentre os oferecidos pela guia, é uma ida ao Poços do Branquinho, também no Parque da Serra da Boa Esperança. O trajeto até o local dura aproximadamente uma hora de caminhada para ir e outra para retornar. O interessado pode optar por utilizar o próprio veículo ou o automóvel oferecido pelo guia.

A mais ou menos uma hora de carro de Boa Esperança, dentro da região do lago de Furnas, situa-se a pequena Guapé, cidade de cerca de 15 mil habitantes. O município é banhado por várias cachoeiras, suas principais atrações turísticas. Conhecemos o Parque Ecológico, localizado a 15 km do centro da cidade, por estrada de terra bem conservada. Trata-se de um terreno particular, cujo proprietário urbanizou e organizou a visitação, por meio de trilhas, e adequou-o às normas de segurança para o melhor atendimento ao visitante. Há área de camping, churrasqueiras e restaurante. Paga-se uma taxa para utilizar o balneário.

São três cachoeiras e poços, que são alcançados com alguma facilidade. Com certeza, a segunda cachoeira é um dos lugares mais bonitos que já vi recentemente. Um local encantador, apesar das águas geladas. Com o tempo quente, foi irresistível. Mas o impacto, como devem imaginar, bem difícil no primeiro momento.

Mesmo com tantas atrações na zona rural, a área central de Guapé não oferece boas opções de lazer nem de alimentação. Boa Esperança, por sua vez, tem locais bastante aprazíveis para se degustar um café, fazer um lanche ou refeições, com preços variados. Embora a gente tenha feito a viagem no feriadão da Semana da Criança, muita coisa estava fechada. Parece que o fluxo maior de turistas ocorre nos finais de semana, principalmente no domingo, ou quando há algum evento especial na cidade, como o famoso festival de música.

    Boa Esperança está a 282 km de Belo Horizonte, 380 km de São Paulo e 460 km do Rio de Janeiro.


Parque Serra da Boa Esperança




Wagner (chapéu) e o guia Vinicius







Almoço no restaurante Três Irmãs


Vista de Boa Esperança 

Boa Esperança















Interior da Igreja Matriz





Guapé - Parque Ecológico






















3 comentários:

  1. Que maravilha! Lindas fotos!
    Fico doidinha pra conhecer. Parabéns!!!

    ResponderExcluir

Viagem ao Peru - Parte VII - Vale Sagrado dos Incas

  Em Ollantaytambo (foto de Wagner Cosse) Clique nas fotos para ampliá-las                Para conhecer melhor o Peru, em especial o Vale Sa...