domingo, 22 de junho de 2014

Entre cidades belíssimas, um cânion de tirar o fôlego e manifestações nas estradas

A catedral de San Cristóbal de las Casas


Estamos viajando pelo México, numa viagem de 18 dias. E, boa parte dela, está sendo feita de ônibus, em entradas diversas, algumas bem retas e largas e, outras, mais estreitas e cheias de curvas. Numa delas, em aproximadamente 100 quilômetros, tivemos que suplantar cerca de 200 quebra-molas. Um porre!
Passamos também por uma situação bastante inusitada em uma dessas vias, por causa de um bloqueio de um grupo de motociclistas. Por falta de uma documentação requisitada pelas autoridades, as motos foram apreendidas pelo governo. A falta de negociação e a demora em dar um retorno aos prejudicados, quem sofreu fomos nós e mais de uma centena de carros, ônibus e caminhões que ficaram presos na rodovia por quase três horas. O inusitado da situação, uma vez que nos acostumamos a ver manifestações dessa natureza no Brasil, foi o fato de irmos - quase todo o grupo que estava no nosso ônibus - ao local da paralisação. Fizemos contato com os manifestantes, rimos, brincamos e (alguns de nós) participamos de uma fotografia, portando pedaços de madeira e facões. Foi, com certeza, surrealista. Wagner, usando uma camisa da seleção brasileira de futebol, foi o alvo principal da simpatia dos manifestantes. Para sorte da diplomacia internacional, o Brasil e o México haviam empatado, sem gols, no jogo da Copa do Mundo que acontecera naquele dia. Acredito até que os bloqueadores da estrada aceitariam uma trégua se Wagner os presenciasse com a camisa canarinha.
Refeitos da interrupção, chegamos ao belo hotel de Tuxtla Gutierrez, moderna capital do Estado de Chiapas, na divisa com a Guatemala. Apenas dormimos no local, pois o atraso imposto pela manifestação nos tirou preciosas horas de descanso e lazer.
Em Chiapas está localizado um dos lugares mais impressionantes da viagem, o Canion do Sumidero. Fizemos um passeio de barco por entre as imponentes formações rochosas, esculpidas pelas águas caudalosas do rio Grivalda em milhares de anos. Conta a história que, na época da chegada dos espanhóis, os povos pré-colombianos, assustados com a destruição de suas cidades, suicidavam-se, atirando do alto do alto das pedras. 
Almoçamos em Chiapas del Corzo, antiga capital do estado e rumamos para outra cidade histórica da região, chamada San Cristóbal de las Casas, uma verdadeira joia. Ruas coloridas, igrejas riquíssimas e uma forte influência da população indígena transformam o local num refúgio charmoso. Há vários cafés e restaurantes de qualidade, além de feiras e mercados. Um festival de doces regionais foi uma tentação à parte.
San Cristobal foi palco do movimento revolucionário zapatista em 1994 sob o comando de Marcos, que conforme informações locais, não é o nome real do líder. Seu nome é fruto de uma sigla, com os principais nomes da cidades que participaram do levante. A guerrilha que durou apenas 6 dias, tinha como objetivo lutar pela integração dos povos indígenas, reforma agrária e fim do NAFTA. Marcos recrutou militantes e fundou o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) que concentram-se sobremaneira no Estado de Chiapas. Talvez por ser um movimento muito recente, até hoje existe um policiamento ostensivo nas ruas da cidade (leia mais em http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_zapatista)
Visitamos, ainda, o distrito de San Juan Chamula, onde existem manifestações tradicionais da cultura maia. Os povos misturaram os cultos tradicionais e a religião católica e criaram rituais bem diferentes dos que estamos acostumados. No dia em que visitamos a igreja (que não pode ser fotografada por dentro), a população local devotava aos santos suas dádivas, entre incensos, bebidas e orações. Eles não usam intermediários. Falam abertamente ao santo ou a Deus, fazendo seus pedidos, em voz alta. Usam, também, refrigerantes com gás, como Coca Cola e outros, para expelir (ou vulgarmente, arrotar) as coisas ruins que estão impregnadas dentro de seus corpos. Outra coisa interessante é que alguns santos ficam alijados das comemorações, usando roupas mais empobrecidas e em lugares menos privilegiados da igreja. É que eles pertenciam à antiga capela, destruída por um incêndio há vários anos. Como não souberam proteger a igreja, cairam em desgraça junto aos fieis.

Em Chiapas, conhecemos os novos participantes do nosso grupo de viagem. Dezoito pessoas, sendo um casal de meia idade e oito casais e lua de mel, todos italianos.

Vamos seguindo...


Paralisação na rodovia

Equipe multinacional para resolver o problema

Membros do nosso grupo e manifestantes se unem

Canion do Sumidero







Chiapas del Corzo






San Cristóbal de las Casas

Com novos membros do gropo, visitando a cidade histórica de Chiapas






Igreja de Santo Domingo, em San Cristóbal

Detalhe do douramento da igreja de Santo Domingo






Máscaras à venda no mercado local




Mercado de San Cristóbal

Velas decoradas



Um quitute de Chiapas: formigas





Imagem de Jesus Cristo com cílios postiços

Feira de doces em San Cristóbal


San Juan de Chamula

Máscaras exibidas em loja de San Juan


Igreja de San Juan Chamula


Detalhe colorido da fachada da igreja

Tecidos locais


quinta-feira, 19 de junho de 2014

Puebla, Oaxaca, Monte Alban e Mitla: choque entre culturas

No estupendo sítio histórico de Monte Alban


É inevitável, quando estamos viajando por outros países que tem algumas similaridades com o Brasil, que comparemos as estratégias de desenvolvimento da sociedade, principalmente na área da cultura e do turismo. Os dois países passaram por colonizações ibéricas, tiveram suas culturas originais sufocadas e até exterminadas pelos conquistadores europeus, mas ostentam em muitas cidades os nomes indígenas que marcaram suas tradições.
Em minha opinião, o México esta se preparando melhor para receber o turismo internacional. Suas cidades, pelo menos na área mais turísticas, são limpas e bem cuidadas. Nossa guia, Silvia, tem um conhecimento vasto do seu país, dá ótimas sugestões e ainda nos diverte e ensina com vídeos, mapas e comentários. Gostaria que o Brasil amadurecesse nessa área tal vital para a economia, pois abre espaço para uma grande e diversificada mão de obra. E praticasse preços mais atraentes, pois o turismo interno é caro.
Viajamos por duas das mais charmosas cidades coloniais mexicanas: Puebla e Oaxaca. Enquanto a primeira é considerada uma cidade espanhola, pois foi edificada pelos conquistadores para exibir seu poder, a segunda guarda tradições indígenas. Em ambas as cores das casas e o piso das ruas chamam a atenção pela beleza. As igrejas, conventos e palácios são suntuosos. Em especial, aquelas administradas pela ordem dominicana. Tanto em Puebla quanto Oaxaca, as igrejas e capelas dedicadas a Santo Domingo e a Virgem do Rosário são escandalosamente douradas, com entalhes e decorações magníficos.
Cafés, lojas, restaurantes, museus, mercados e galerias de arte comprovam a diversidade cultural e comercial dos municípios, que tem grande peso na economia do México.
Outras atrações são os sítios arqueológicos, pois o país possui 35 mil áreas de preservação construídas pelos povos pré-colombianos. Chamou-me especial atenção o sítio de Monte Albán, nas proximidades de Oaxaca. O lugar é de uma beleza extraordinária, com vários templos, um observatório astronômico e um bem restaurado campo de pelotas, jogo muito disputados pelos povos antigos - neste caso, dos zapotecas. Outro sítio, bem menor, é o de Mitla. Ao contrário de Monte Albán, que foi abandonado em cerca de 800 D.C. e coberto por vegetação florestal (o que garantiu sua preservação ate ser redescoberto no século 20), Mitla foi parcialmente destruído pelos espanhóis, que ainda construíram uma igreja católica em cima das ruínas. Por incrível que pareça, os povos antigos estavam mais bem preparados para os terremotos comuns nessa região e edificaram construções sólidas, que pouco se alteraram com os abalos sísmicos de anos e anos.
Essa parte da viagem também nos permitiu adentrar pelo interior mexicano, ficar mais próximos do povo e conhecer seus costumes. Vimos também as belas montanhas do sul do país, com relevante destaque para Sierra Madre.
Entramos na região tropical do México, mas isso e assunto para as próximas postagens.

Adelante!


Puebla

Detalhe da arquitetura de Puebla

Puebla

Crianças e adultos brincam na praça principal de Puebla

Altar da igreja matriz de Puebla

Religiosos conversam no adro da matriz de Puebla

Wagner posa para foto em rua de Puebla

Arquitetura de Puebla

Capela do Rosário, em Puebla

Thelmo Lins e Wagner Cosse na capela do Rosário, em Puebla

Nossa Senhora do Rosário, em Puebla

Detalhe da capela do Rosário

Criança de Puebla

Oaxaca

Estudantes de Oaxaca

Igreja de Santo Domingo, em Oaxaca

Interior da Igreja de Santo Domingo

Forro da Igreja de Santo Domingo

Detalhe da igreja de Santo Domingo

Rua de Oaxaca

Antigo convento transformado em hotel de luxo, em Oaxaca

Praça principal de Oaxaca

Estudantes universitário de Oaxaca

Músicos em Oaxaca

Bonecas em banca do mercado de Oaxaca

Rua de Oaxaca

Camisas da seleção mexicana em rua de Oaxaca

Monte Albán

Vista geral de Monte Albán




Detalhe de rosto esculpido no templo de Monte Albán

Estudantes visitam o sítio arqueológico

Blanca, Angela, Nieves, Marimar, Giorgio, Silvia e Conceição: integrantes do tour pelo México

O mesmo grupo, com suas sombrinhas coloridas

Estela com representação de uma mulher dando à luz uma criança

No campo de pelotas de Monte Albán

Vista geral do sítio, com o observatório em primeiro plano
Mitla

Sierra Madre

Igreja construída nas ruinas do sítio arqueológico de Mitla

Desenhos dos templos

Colunas de Mitla

Jardim de cactus em Mitla


Viagem ao Peru - Parte VIII - Machu Picchu

  Conhecendo o esplêndido sítio arqueológico de Machu Picchu (Foto de Wagner Cosse editada por Thelmo Lins) Clique nas fotos para ampliá-las...