domingo, 12 de fevereiro de 2017

Brasil Profundo 10 – Sete Cidades, Piripiri e Pedro II

No mirante do Parque Nacional das Sete Cidades (foto de Wagner Cosse)
Clique nas fotos para ampliá-las. Fotos de Thelmo Lins 

Foi inevitável, à medida que adentrava o Piauí, lembrar de um velho amigo, já falecido, o professor José Bastos Bittencourt. Ele foi prefeito de Itabirito (MG), minha terra natal, que se dedicava ao ensino e à literatura. Foi, também, proprietário do famoso restaurante Relicário, em Ouro Preto (1969-1972). Em 1990, quando editava o jornal Imagens (1989-1996), eu o entrevistei. Ele gostou tanto do resultado que, meses depois, ao visitar o Piauí, seu estado natal, escreveu-me longas cartas contando detalhes da sua viagem.
            Foi uma pena não ter lembrado dessas correspondências antes de conhecer o Piauí, pois gostaria de visitar os mesmos lugares que ele descreveu nas missivas, vivenciando, um pouco mais de perto, os mesmos sentimentos que ele havia descrito de maneira tão carinhosa.
            Relendo-as depois da viagem, já em Belo Horizonte, fui montando o mosaico de sua memória ao que eu estava vivendo naquele mês de janeiro de 2017. Mesmo sem ter visitado os mesmos lugares, mas observando de maneira mais contundente como se comporta o piauiense de ontem e de hoje. Bastos era fã de Gonçalves Dias e sempre recitava os versos “nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores”, para descrever o Piauí.
            À esta altura, saímos de Parnaíba em direção a Piripiri (PI), para conhecer sua maior atração: o Parque Nacional das Sete Cidades. O ano de 2017 alcançava seu oitavo dia. A temperatura média entre 29 e 31 graus. A rodagem alcançava 5.433km. Felizmente, sem nenhum atropelo e com boas estradas.
            Na estrada, resolvemos fazer uma baldeação para conhecer Pedro II, cidade localizada quase na divisa com o Ceará. Trata-se da terra da opala, pedra preciosa muito abundante na região. E, por conta disso, existem muitos joalheiros. Não resistimos e compramos algumas lembranças. A pracinha principal da cidade compensou a viagem. Ela está muito bem conservada, com uma arborização abundante. Há outras atrações na área rural, mas não tivemos tempo para conhecer.
            Horas mais tarde, chegamos a Piripiri e fomos procurar um hotel para nos hospedarmos (Wagner Cosse, meu companheiro de viagem, e eu). As opções não eram muito boas, mas o valor compensava. Quase todos os hotéis se localizam atrás da Matriz de Nossa Senhora dos Remédios, padroeira da cidade.
            Caminhamos pela praça principal e seus arredores. Há algum casario antigo, que foram bastante alterados por reformas. Chamou-nos a atenção, também, a climatização da igreja matriz, com muitos aparelhos de ar condicionado. Afinal, a temperatura ali pode chegar a níveis infernais na época de julho a setembro. Na praça principal, uma série de bares e restaurantes, com comidinhas deliciosas e baratinhas. Piripiri é uma cidade de médio porte, com uma forte indústria de confecção, que emprega milhares de pessoas e lhe dá um ar progressista. Há, ainda, nas redondezas da cidade, o Açude Caldeirão, onde as pessoas vão no fim de semana para se banharem. No mais, o grande atrativo seria conhecido no dia seguinte.
            O Parque Nacional das Sete Cidades é a mais antiga unidade de conservação ambiental do Piauí. Sua fundação remonta a 1961. E sua preservação deve-se, principalmente, às maravilhosas formações rochosas encontradas ali, que lembram uma série de figuras que aguçam a nossa imaginação. É possível, também, encontrar muitas pinturas rupestres. Infelizmente, faltam mais recursos para sustentação de corpo técnico, mas o local é aprazível.
            Não nos foi cobrada nenhuma taxa para entrar no parque, mas exigiram que contatássemos um guia para sua circulação. O preço do guia era decidido pelo tamanho do roteiro, que poderia feito somente de carro ou parte de carro e parte a pé. O guia José Geraldo foi designado para nos acompanhar. Ele disse que, quando chegamos, pelo nosso comportamento e vestes, ele logo imaginou: vão querer o passeio completo. E acertou. Fizemos a jornada que durou, aproximadamente, três horas e meia, pagando R$ 80,00 por pessoa.
            Passeio completo significa visitar as sete cidades, com a exclusividade de passar por caminhos só realizados a pé. Foi preciso uma boa preparação, pois a temperatura estava alta. Protetor sol, boné e, no meu caso, uma boa sombrinha para aliviar os raios do sol. Além disso, pernas fortes e fôlego para muitas subidas e descidas. Visitamos um mirante espetacular, de onde pudemos observar o parque do alto. Como o tempo estava mais úmido, as matas mantinham-se verdejantes, fazendo um belo contraste com as pedras.
            Havia de tudo um pouco: elefantes, tartarugas, canhões, falos, reis e até o perfil de D. Pedro I. Pássaros bicando os ninhos. Mapas do Brasil e do Ceará. Ou seja, uma festa para os olhos. Com certeza, um dos lugares mais originais que tive a oportunidade de conhecer.
            Depois da visita, almoçamos em um restaurante local, onde era necessário agendar com antecedência. Quisemos experimentar a um prato feito com a carne da galinha d´angola, denominado Capote. Lembrava um pouco a galinha ao molho pardo mineira. Confesso que não gostei muito, pois achei a carne dura.

            Ao voltarmos para o nosso hotel, conhecemos a educadora Ana Cristina Castelo Branco, que nos falou a respeito das belezas do Estado, enumerando uma série de atrativos e fatos históricos. Constatamos que é muito lugar bonito para se ver em pouco tempo. Entre belezas naturais, boa conversa e comidas típicas, íamos desvendando os mistérios do Piauí. No entanto, era hora de refazer as malas e rumarmos para a próxima etapa da viagem: Teresina, a capital do Estado. 

Pedro II


Praça principal de Pedro II









Pintura de rua


Painel na agência da Caixa Federal


Piripiri


Matriz

Ar condicionado para combater o calor

Nossa Senhora dos Remédios

Praça principal de Piripiri, onde pulsa a vida social



Parque Nacional das Sete Cidades








Preguiça




Pinturas rupestres






Wagner observa o parque do mirante





Um macaco batendo palmas?

José Geraldo mostra ao Wagner (chapéu amarelo) as formações do parque








Wagner entra em uma das formações do parque

Mapa do Brasil ou um pássaro bicando?

O rei?

Pinturas rupestres: cadeia de DNA?


Mapa do Piauí

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