|
No mirante do Parque Nacional das Sete Cidades (foto de Wagner Cosse) |
Clique nas fotos para ampliá-las. Fotos de Thelmo Lins
Foi
inevitável, à medida que adentrava o Piauí, lembrar de um velho amigo, já
falecido, o professor José Bastos Bittencourt. Ele foi prefeito de Itabirito
(MG), minha terra natal, que se dedicava ao ensino e à literatura. Foi, também,
proprietário do famoso restaurante Relicário, em Ouro Preto (1969-1972). Em 1990,
quando editava o jornal Imagens (1989-1996), eu o entrevistei. Ele gostou tanto
do resultado que, meses depois, ao visitar o Piauí, seu estado natal,
escreveu-me longas cartas contando detalhes da sua viagem.
Foi uma pena não ter lembrado dessas
correspondências antes de conhecer o Piauí, pois gostaria de visitar os mesmos
lugares que ele descreveu nas missivas, vivenciando, um pouco mais de perto, os
mesmos sentimentos que ele havia descrito de maneira tão carinhosa.
Relendo-as depois da viagem, já em
Belo Horizonte, fui montando o mosaico de sua memória ao que eu estava vivendo
naquele mês de janeiro de 2017. Mesmo sem ter visitado os mesmos lugares, mas
observando de maneira mais contundente como se comporta o piauiense de ontem e
de hoje. Bastos era fã de Gonçalves Dias e sempre recitava os versos “nosso céu
tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores”, para descrever o Piauí.
À esta altura, saímos de Parnaíba em
direção a Piripiri (PI), para conhecer sua maior atração: o Parque Nacional das
Sete Cidades. O ano de 2017 alcançava seu oitavo dia. A temperatura média entre
29 e 31 graus. A rodagem alcançava 5.433km. Felizmente, sem nenhum atropelo e
com boas estradas.
Na estrada, resolvemos fazer uma
baldeação para conhecer Pedro II, cidade localizada quase na divisa com o
Ceará. Trata-se da terra da opala, pedra preciosa muito abundante na região. E,
por conta disso, existem muitos joalheiros. Não resistimos e compramos algumas
lembranças. A pracinha principal da cidade compensou a viagem. Ela está muito
bem conservada, com uma arborização abundante. Há outras atrações na área
rural, mas não tivemos tempo para conhecer.
Horas mais tarde, chegamos a
Piripiri e fomos procurar um hotel para nos hospedarmos (Wagner Cosse, meu
companheiro de viagem, e eu). As opções não eram muito boas, mas o valor
compensava. Quase todos os hotéis se localizam atrás da Matriz de Nossa Senhora
dos Remédios, padroeira da cidade.
Caminhamos pela praça principal e
seus arredores. Há algum casario antigo, que foram bastante alterados por
reformas. Chamou-nos a atenção, também, a climatização da igreja matriz, com
muitos aparelhos de ar condicionado. Afinal, a temperatura ali pode chegar a níveis
infernais na época de julho a setembro. Na praça principal, uma série de bares
e restaurantes, com comidinhas deliciosas e baratinhas. Piripiri é uma cidade
de médio porte, com uma forte indústria de confecção, que emprega milhares de
pessoas e lhe dá um ar progressista. Há, ainda, nas redondezas da cidade, o
Açude Caldeirão, onde as pessoas vão no fim de semana para se banharem. No
mais, o grande atrativo seria conhecido no dia seguinte.
O Parque Nacional das Sete Cidades é
a mais antiga unidade de conservação ambiental do Piauí. Sua fundação remonta a
1961. E sua preservação deve-se, principalmente, às maravilhosas formações
rochosas encontradas ali, que lembram uma série de figuras que aguçam a nossa
imaginação. É possível, também, encontrar muitas pinturas rupestres.
Infelizmente, faltam mais recursos para sustentação de corpo técnico, mas o
local é aprazível.
Não nos foi cobrada nenhuma taxa
para entrar no parque, mas exigiram que contatássemos um guia para sua
circulação. O preço do guia era decidido pelo tamanho do roteiro, que poderia
feito somente de carro ou parte de carro e parte a pé. O guia José Geraldo foi
designado para nos acompanhar. Ele disse que, quando chegamos, pelo nosso
comportamento e vestes, ele logo imaginou: vão querer o passeio completo. E
acertou. Fizemos a jornada que durou, aproximadamente, três horas e meia,
pagando R$ 80,00 por pessoa.
Passeio completo significa visitar
as sete cidades, com a exclusividade de passar por caminhos só realizados a pé.
Foi preciso uma boa preparação, pois a temperatura estava alta. Protetor sol,
boné e, no meu caso, uma boa sombrinha para aliviar os raios do sol. Além
disso, pernas fortes e fôlego para muitas subidas e descidas. Visitamos um
mirante espetacular, de onde pudemos observar o parque do alto. Como o tempo
estava mais úmido, as matas mantinham-se verdejantes, fazendo um belo contraste
com as pedras.
Havia de tudo um pouco: elefantes,
tartarugas, canhões, falos, reis e até o perfil de D. Pedro I. Pássaros bicando
os ninhos. Mapas do Brasil e do Ceará. Ou seja, uma festa para os olhos. Com
certeza, um dos lugares mais originais que tive a oportunidade de conhecer.
Depois da visita, almoçamos em um
restaurante local, onde era necessário agendar com antecedência. Quisemos
experimentar a um prato feito com a carne da galinha d´angola, denominado Capote.
Lembrava um pouco a galinha ao molho pardo mineira. Confesso que não gostei
muito, pois achei a carne dura.
Ao voltarmos para o nosso hotel,
conhecemos a educadora Ana Cristina Castelo Branco, que nos falou a respeito
das belezas do Estado, enumerando uma série de atrativos e fatos históricos.
Constatamos que é muito lugar bonito para se ver em pouco tempo. Entre belezas
naturais, boa conversa e comidas típicas, íamos desvendando os mistérios do
Piauí. No entanto, era hora de refazer as malas e rumarmos para a próxima etapa
da viagem: Teresina, a capital do Estado.
Pedro II
|
Praça principal de Pedro II |
|
Pintura de rua |
|
Painel na agência da Caixa Federal |
Piripiri
|
Matriz |
|
Ar condicionado para combater o calor |
|
Nossa Senhora dos Remédios |
|
Praça principal de Piripiri, onde pulsa a vida social |
Parque Nacional das Sete Cidades
|
Preguiça |
|
Pinturas rupestres |
|
Wagner observa o parque do mirante |
|
Um macaco batendo palmas? |
|
José Geraldo mostra ao Wagner (chapéu amarelo) as formações do parque |
|
Wagner entra em uma das formações do parque |
|
Mapa do Brasil ou um pássaro bicando? |
|
O rei? |
|
Pinturas rupestres: cadeia de DNA? |
|
Mapa do Piauí |
Nenhum comentário:
Postar um comentário