sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Brasil Profundo 5 - Bragança

Detalhes da procissão de São Benedito, na Marujada de Bragança (PA) (foto de Wagner Cosse)

Clique nas fotos para ampliá-las. Fotos de Thelmo Lins

               Bragança é uma cidade histórica do Pará. Tive a informação que é a mais antiga cidade do Norte do país, por onde os portugueses começaram a colonizar a Amazônia. Este local é a próxima parada na turnê Brasil Profundo, que empreendo de 15 de dezembro de 2016 a 20 de janeiro de 2017 por sete estados brasileiros, ao lado do meu companheiro de viagem, Wagner Cosse.
            Toda a viagem, aliás, realizada nessa época do ano, foi elaborada em decorrência da estadia em Bragança. Pois ali acontece, no mês de dezembro, uma das mais importantes manifestações folclóricas do país, a Marujada. O auge da festa acontece nos dias 25 e 26 de dezembro, dias de Natal e de São Benedito, padroeiro da cidade.
            Como ficamos sabendo do evento? Pois bem, em junho de 2015, quando Wagner e eu viajávamos para a Chapada Diamantina, conhecemos os advogados belenenses Maíra e José Maria (veja postagem: http://descobertasdothelmo.blogspot.com.br/2015/06/bahia-2-natureza-de-fazer-novos-amigos.html) em um restaurante de Mucugê (BA). Conversa vai conversa vem, Wagner introduziu o assunto do Grupo Folclórico Aruanda, do qual ele é o diretor artístico. O casal contou da festa de Bragança, que eles participam, e nos convidou para conhece-la pessoalmente. A narrativa instigou Wagner a fazer uma pesquisa sobre as outras danças e manifestações da Marujada que não fazem parte do acervo do Aruanda.
            Pois bem, um ano e meio depois nos organizamos para estar presentes nessa manifestação, abrindo mão do Natal em família. Wagner, munido de gravador e câmera de vídeo, entrevistou os integrantes da Marujada e registrou seus principais momentos.
            A festa é organizadíssima. Tem uma forte tradição cultural e já perdura há 150 anos, mesclando influências dos negros, dos índios e brancos. As músicas, danças e trajes são sofisticados, com um ritual bem elaborado, sujeito a constantes ensaios para apurar as apresentações. Cargos importantes como a capitoa e o capitão (a Marujada é uma manifestação fortemente matriarcal) são passados de pai para filho durante várias gerações e são postos vitalícios. Já outras posições podem ser pleiteadas e há filas para ocupa-los. Ter uma posição de destaque na manifestação é uma honra para os integrantes e um motivo de grande respeito na comunidade. Coube ao juiz da festa deste ano, Bill (Josinaldo Reis), amigo de José Maria e Maíra, nos apresentar os principais elementos da festividade.
            Os dois dias mais importantes acontecem, como disse, nos dias 25 e 26 de dezembro. No Natal, logo de manhã, vê-se um imenso cordão de pessoas trajando roupas azuis e brancas. Elas dançam no adro da igreja e no salão da Marujada. No dia seguinte, dia de São Benedito, é o auge da manifestação. As roupas, agora, são vermelhas e brancas e o contingente humano quadriplica nas ruas de Bragança, tomando toda a cidade, com aproximadamente 120 mil habitantes. É um mar humano vestido de vermelho e branco, que sai às ruas em procissão.
            Durante o dia há danças, almoços comunitários (Wagner e eu fomos convidados a partilhar com eles esse momentos, a convite do Bill), festejos. É simplesmente encantador. De arrepiar! Fizemos vários registros fotográficos, que podem ser conferidos no final deste texto.

            Quanto à Bragança, é uma cidade que ainda conserva alguns edifícios históricos, apesar do impacto da modernidade no seu casario. Alguns prédios estão sendo restaurados, o que nos dá um alento e esperança. Mas as ruas ainda estão sem esgotamento sanitário e há, como em outras cidades brasileiras, muita poluição visual na fachadas das casas comerciais.
            Como fica à beira de um rio (Caeté), veem-se muitos barcos e uma paisagem ribeirinha bem interessante. O mercado velho foi reformado, o que melhorou muito o aspecto daquela região da cidade. Mas a quantidade de urubus que acercam o local, principalmente a área onde são separados os peixes, remete a um filme de terror.
            Ficamos hospedados em dois hotéis da cidade: o Aruans e o Casa Madrid. Este último foi o melhor dos dois, pois foi inaugurado recentemente, em um prédio histórico. Os quartos ainda são novos e bastante confortáveis. Fomos muito bem recebidos pela gerente, que marcou nossa presença registrando em fotografias.
            Vou continuar falando de Bragança na próxima postagem, quando visitaremos a bela praia de Ajuruteua. Até lá!

Vista da orla de Bragança


Interior da igreja de São Benedito

Imagem de São Benedito





Mercado municipal



Urubus nos telhados próximos ao mercado


Rio Caeté

Rio Caeté

Na orla de Bragança

Matriz de N.Sra. do Rosário
Interior da matriz (detalhe da pintura)

Praça e Instituto Santa Terezinha ao fundo

Instituto Santa Terezinha

Palácio do Arcebispado de Bragança





Hotel Casa Madrid

Interior do Museu da Marujada: almoço do dia 25 de dezembro

Refeição servida no Museu da Marujada

Wagner no Museu da Marujada

Wagner, Maíra, Thelmo e José Maria

Marujas abrem a festa no dia 25 de dezembro: azul e branco






A capitoa e a vice-capitoa









A capitoa e o capitão da Marujada


No dia 26 de dezembro, todos vestem vermelho e branco

Baile no Museu da Marujada; música e dança durante todo o dia






Saída da procissão de São Benedito



Marujas abrem a procissão de São Benedito, no dia 26 de dezembro












À noite, a festa acontece na praça em frente à Igreja de São Benedito


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