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Com Maria dos Santos e Pedro de Oxum, em Codó (MA) |
Pelo cronograma
original da viagem pelo Brasil Profundo, a próxima parada após Belém (PA) seria
Teresina (PI). Mas de antemão sabíamos (eu e meu companheiro de viagem, Wagner
Cosse) que seria um percurso muito cansativo para se fazer em um só dia, cerca
de 915 km. Então, prevemos uma parada entre as duas cidades para repousar.
No entanto, os amigos de Belém
haviam nos falado das belezas do Delta do Parnaíba (PI) e percebemos o quanto
estaríamos perto para perdermos esta oportunidade. Imediatamente refizemos os
planos e, ao invés de irmos diretamente para Teresina, reorganizamos a viagem
para rumarmos para Parnaíba (PI).
Sendo assim, pesquisamos no mapa
qual seria a melhor cidade para pernoitar entre Bacabal, Codó e Caxias, todas
no Maranhão. Codó acabou vencendo por dois motivos. O primeiro é que Wagner
aventou a possibilidade de reencontrar com algum parente. A família Cosse é
proveniente do Maranhão, onde seu pai, Luiz Cosse, nasceu. Alguns parentes
podiam ainda estar em Codó ou Caxias, no interior do estado. O outro motivo é
que Codó é conhecida como a capital dos pais de santos, a cidade que tem mais
terreiros de umbanda por habitante em todo o Brasil, quiçá no mundo. São mais
de 300. Não encontramos nenhum Cosse por lá. Entretanto, queríamos conhecer um
pouco dessa incrível tradição afro-brasileira.
Estávamos no dia 03 de janeiro de
2017, cerca do quilômetro 4.500 desta viagem. Depois de uma noite relaxante,
amanhecemos em nosso hotel em Codó, que contava com uma boa infraestrutura. Na
bela piscina, ainda havia mesas e cadeiras instaladas para a noite de Ano Novo,
festejada naquele local. Bem próximo da piscina, foi colocado o bufê do café da
manhã. Muito farto, mas repleto de moscas. Moscas, moscas, moscas. A gente
usava uma mão para pegar o alimento e outra para afastar os insetos.
Inacreditável. Nenhum ventilador para afastar as desagradáveis criaturinhas.
Depois desse Bom Dia indigesto, resolvemos dar uma volta para conhecer a
cidade. A temperatura estava por volta de 29 graus e o tempo estava nublado com
possibilidade de chuvas.
À primeira vista, Codó não passou no
teste. Uma cidade de aproximadamente 120 mil habitantes, com trânsito meio
caótico (principalmente de motocicletas) e a ausência completa de edificações
interessantes. Somente a estação ferroviária, recentemente restaurada, e uma
meia dúzia de prédios salvava a aparência. Gostei muito de uma antiga ponte de
madeira para pedestres.
Codó começou a se descortinar para
nós a partir do momento em que conhecemos Pedro de Oxum, um dos pais de santo
da cidade. Extremamente articulado e profundo conhecedor das tradições locais,
o religioso nos levou para vários terreiros, inclusive o mais famoso da cidade,
comandado pelo Mestre Bita do Barão. Sua fama se deu principalmente pelo fato
de ele ser o mentor espiritual da família Sarney. No entanto, ele também realiza
uma série de serviços na cidade de fundo assistencial, que tornam seu nome
muito admirado na região. A estrutura do terreiro comandado pelo Mestre é
imensa, com muitos salões e uma decoração rebuscada, chegando ao kitsch
(cafona).
De acordo com Pedro de Oxum, mesmo
com toda a tradição e muitos seguidores, a umbanda ainda é um tabu em Codó. As
igrejas evangélicas e até mesmo a católica muitas vezes satanizam os rituais,
embora já houve alguns avanços no sentido de haver uma relação de respeito e
boa convivência entre as entidades.
Um dos locais que mais me emocionou
na viagem foi a visita ao terreiro onde Pedro assume a entidade de Xica Baiana.
O ambiente, que ocupa uma sala de sua residência, é simples, mas muito
autêntico. Ele contrata com o luxo das roupas usadas por sua entidade,
mostradas por Pedro com extremo orgulho. No final da visita, ele nos ofereceu
uma guia (uma espécie de colar ou pulseira) com contas verdes, amarelas e
vermelhas. São as cores que trarão, segundo ele, bons fluidos para 2017. Agradecemos
com fé.
No dia 04 de janeiro, antes de
sairmos de Codó, Wagner compareceu a uma cerimônia na Tenda Espírita Santa Bárbara, comandada pela mãe de santo Maria dos Santos, que aconteceu logo que
amanheceu o dia. O evento abriu os festejos do ano, com direito a danças,
orações, batuques, roupas brancas e ambiente perfumado. Entre um mosquito e
outro, resolvemos tomar nosso café da manhã no quarto do hotel, resguardados
pelo ar condicionado. É hora de continuar a viagem.
Saravá!
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Estação ferroviário de Codó |
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Igreja Matriz |
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Praça |
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Igreja de Nossa Senhora das Graças |
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Interior da Igreja de N.S.das Graças |
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Pinturas da igreja de N.Sra. das Graças |
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Prefeitura Municipal de Codó |
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Praça principal, com estação ao fundo |
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Wagner e a cruz que é o símbolo da cidade |
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Adicionar legenda |
Tenda Espírita da Rainha Iemanjá, do Mestre Bita
Terreno de Pedro de Oxum ou Xica Baiana
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Pedro e Wagner e as revistas em que o pai de santo é citado. |
Paisagens noturnas
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Ponte de pedestres |
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Wagner aproveita a piscina do hotel em Codó
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Família do guaraná Jesus, bebida tipicamente maranhense
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Festa da Tenda Espírita Santa Bárbara
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