Praia de Ajuruteua, Bragança (PA) |
Clique nas fotos para ampliá-las. Fotos de Thelmo Lins
Brasil Profundo é o apelido que
demos (eu e meu companheiro de viagem, Wagner Cosse) à viagem que empreendemos
por oito estados brasileiros, em dezembro de 2016 e janeiro de 2017. A esta
altura do campeonato, por volta do quilômetro 3.500, estávamos em Bragança,
município do Pará, onde participamos da Marujada, uma das mais importantes
manifestações folclóricas do país.
A festa teve seu auge no dia 26 de
dezembro. Um dia depois, boa parte dos visitantes já se preparava para retornar
às suas cidades. Bragança volta à sua vida normal. Tiramos o dia para visitar a
praia de Ajuruteua que, embora este situada a cerca de 25km do centro de
Bragança, pertence ao município.
No dia 27 de dezembro era uma
terça-feira entre o Natal e o Reveillon. Por isso, o movimento de turistas
estava baixíssimo na região. Bom para quem gosta de curtir uma praia sossegada.
Ajuruteua é bem diferente dos
balneários que costumamos frequentar, como Guarapari, Cabo Frio, Porto Seguro,
Camboriú. É uma praia quase deserta, um uma longe extensão de areia branca. Na
orla, ao invés de calçadões e prédios, uma estrutura bem arcaica de palafitas,
onde estão situados restaurantes, pousadas e lojas. A infraestrutura é bem rústica.
E, por isso, agradabilíssima.
Disseram para mim que, quando há
muito movimento, a praia costuma ficar intransitável. E tem pouco tempo que
proibiram a entrada de carros na areia. A mistura de multidão com som
automotivo e outras pragas transformava o local em um inferno. Mas, nesse dia,
a situação era bem diferente.
A estrutura das casas era de
madeira, com enormes alicerces. É que a maré sobe muito depois do meio dia,
alcançando mais de dois metros.
Depois de um banho refrescante,
Wagner decidiu caminhar pela praia. Como o sol estava escaldante (por volta de
40 graus), resolvi procurar um local com sobra para descansar. Afinal, os dias
de Marujada foram muito cansativos, apesar de fantásticos. Caminhamos muito,
acompanhando os diversos eventos. O que eu queria, naquele momento, era ficar
de perna para o ar e sentir a brisa batendo em meu rosto.
Nessa procura, acabei em um
restaurante e pousada chamado Sombra das Acácias. Depois de subir uns dois
lances de escada, chequei a uma varanda (ou deque), com uma bela vista de toda
a praia. Um senhor, de aproximadamente 70 anos, fazia uma manutenção no local
que, logo, notei que estava fechado. Descobri, mais tarde, que seu nome é
Celso. Mas, mesmo assim, ele fez questão de montar minha mesa e, abandonando o
serviço, sentou-se comigo e ficamos batendo um longo papo. Em seguida, chegou
sua esposa, Sônia, que juntou-se a nós.
Quando Wagner retornou da caminhada
e nos encontrou, a conversa rolava solta e já havíamos consumido algumas
cervejas e sucos, regados a uma comidinha bem gostosa. Sônia se dispôs a ir
para a cozinha fazer o almoço – um peixe delicioso. Saímos do encontro com
telefones trocados e uma promessa (feita por nós) de voltarmos ao Pará para
acompanharmos o Círio de Nazaré, nos hospedando pelo menos um dia na casa
deles.
Com o casal Celso e Sônia, Ajuruteua
ganhou um novo sabor, uma nova coloração. Infelizmente, pelo que nos disseram,
estão fechando o negócio na praia, para retornar a Belém, onde têm casa. Estão
cansados da lida e querem ter uma velhice mais tranquila. Para nós, uma alegria
poder compartilhar de experiências e vivências com eles, transformando essa
viagem, a cada dia, em um momento muito especial em nossas vidas.
Antes de deixarmos Bragança, no dia
28 de dezembro, rumo a Belém (onde passaríamos o Reveillon), passamos por uma
estrada alternativa à rodovia principal. O local era o antigo roteiro da
ferrovia Belém-Bragança. Como o ramal ferroviário não existe mais, restauram
belas paisagens, que demonstram a pujança e a pluralidade das matas paraenses.
Próxima etapa: Belém do Pará!
Vila de pescadores na estrada para Ajuruteua |
Pousada local |
Wagner se diverte no mar |
Restaurantes e pousadas são construídos em madeira e levam em conta a maré que sobe na parte da tarde |
Celso, Sônia, eu e Wagner no Sombra das Acácias |
Estátua de São Benedito, na saída de Bragança |
Trecho da estrada entre Bragança e Belém |
Paisagem paraense |
Paisagem entre Bragança e Belém |
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